Texto original escrito em inglês por um usuário anônimo do 4chan, postado no fórum /tg/ de jogos tradicionais, em 5 de janeiro de 2013. Tradução por Augusto Massini Pinto

Capítulo 1 - A aliança dos semideuses

A nossa campanha começou com só um pouco de floreio. Nosso Mestre do Jogo se anunciou como o maior Deus de um panteão grandioso, que habita em um tempo e espaço que nenhum outro deus pode alcançar, julgando as ações de todos os seres inferiores. Pela mão dele, o universo girava e, pelas suas palavras, todas as coisas tremiam.

Na verdade, isso foi até bem moderado se comparado com o drama de sempre.

Nós iríamos, cada um, tomar os papéis de semideuses, meio deuses ou quase-deuses, ou seja como for; o que importa é que não seríamos deuses plenos de verdade. Nosso maior poder seria a nossa imortalidade, que nos permitiria caminhar pelos mundos dos Deuses Maiores, e também nos impediria de sermos mortos por qualquer coisa menor que os meios terríveis necessários para matar um deus.

Nossos corpos, não mais fortes que os de pessoas comuns, poderiam ainda ser destruídos no mundo mortal, mas iríamos simplesmente ressurgir nos Salões dos Imortais.

Nosso outro poder dependeria de qual deus iríamos servir. Depois de muita discussão, nós conseguimos resolver quais seriam os nossos personagens.

O primeiro a decidir foi o semideus Qorg, um servo do Deus da Guerra. Seu poder escolhido foi simplesmente grande força.

O próximo foi Handelhan, um servo do Deus do Conhecimento. Ele escolheu o poder de ler mentes, e foi nesse momento que o nosso Mestre do Jogo quis garantir que ele entendia que o seu poder (e o de todos nós) não poderia ser usado em seres divinos, e sim somente nos mortais.

Após pensar um pouco, Pleth passou a existir, como um servo do Deus da Natureza. Ele teria a habilidade de dar movimento a árvores, permitindo-as que se movam conforme a vontade dele ou mesmo a própria.

Finalmente, eu decidi servir o Deus do Desejo, como o quase-deus Cym. Minha habilidade seria a de convencer mortais que eles poderiam satisfazer seus desejos e vontades com outra coisa. Se alguém estiver com fome, por exemplo, eu poderia dizer-lhe que um copo d'água iria saciá-la.

Com os nossos personagens definidos, nosso Mestre do Jogo explicou que, embora servíssemos os Deuses, nós também desejávamos suas posições e poder, e dependeria de nós decidirmos como traçar esse caminho tortuoso de subserviência e subterfúgio.

Nós, os quatro semideuses, facilmente enxergamos os benefícios de trabalharmos juntos, e, enquanto Qorg esculpia uma fortaleza no topo de uma montanha com suas mãos nuas, nós discutimos qual o método que se faria necessário para obter a verdadeira divindade. Um século se passou até que Qorg estivesse satisfeito com a nossa Cidadela, mas levou mais dois até que o nosso plano estivesse pronto para ser colocado em ação.

Handelhan usou seus três séculos juntando saberes sobre os deuses, aprendendo o que pôde de suas naturezas. Dez das maiores câmaras de dentro da nossa Cidadela se tornaram a Biblioteca dos Saberes dos Deuses, cheia de estudiosos que pensavam que ponderar a natureza da divindade iria revelar a verdade sobre o mundo. Esses estudiosos trabalharam arduamente em suas contemplações, mas eu diria que, apesar de eles terem revelado um belo número de verdades interessantes sobre os deuses, nenhum deles morreu satisfeito.

Pleth era do tipo itinerante, e, na verdade, não gostava de ficar na montanha por muito tempo. Ele nos ajudou de diversas maneiras, provendo nossa Cidadela com móveis e estantes vivas, e até conseguiu produzir uma árvore que dava livros em branco ao invés de frutas ou castanhas. Mas, além disso, ele era indiferente e distante, somente aparecendo uma vez por década para ver como estavam suas árvores. Acho que parte dele estava em conflito, como se ele se perguntasse se ele se tornar o Deus da Natureza era realmente o melhor para a natureza, e, por conta disso, houve muitas vezes em que desejei que meu poder pudesse agir sobre ele.

Qorg passou o seu tempo depois de terminar a nossa fortaleza dormindo. Ele eventualmente acordava, descia a montanha, lutava em qualquer guerra disponível, morria, voltava à vida, retornava à fortaleza e voltava a dormir.

Eu usei a maior parte do meu tempo descobrindo as limitações da minha habilidade. A restrição mais importante era que eu poderia somente deslocar desejos na direção de erros razoáveis. Eu não poderia fazer com que alguém exausto desejasse correr ao invés de dormir, mas eu poderia fazer com que alguém que queira fortemente maçãs passasse a querer peras em seu lugar. Eu não podia aumentar seus desejos, e também não podia os diminuir, e eu acho, embora não tenha certeza, que todas as vezes que eu usava meu poder, a pessoa afetada se tornava um pouco menos feliz.

Com esses três séculos de planejamento no passado, era a hora de fazermos a nossa jogada, para nos estabelecermos como os novos Deuses da Guerra, Conhecimento, Natureza e Desejo.

Capítulo 2 - Ascensão e Subterfúgio

Nosso primeiro passo era uma redução geral da adoração. Tínhamos que reduzir o poder dos deuses que servíamos, para limitar o quanto eles poderiam interferir com os nossos planos. Ao reduzir a quantidade de seguidores desses quatro deuses, nós poderíamos, então, prosseguir na formação de novos sectos de adoradores que adorariam aspectos particulares desses deuses, no caso, esses aspectos sendo nós mesmos.